Cresce a indústria de reciclagem de plásticos

Porém, potencial do lixo doméstico ainda é pouco aproveitado no estado

A indústria de reciclagem foi a que mais cresceu no setor plástico de Santa Catarina, nos últimos cinco anos. No período, o volume reprocessado no estado cresceu 166,4% ao ano, atingindo 16,9 mil toneladas em 1999. Isso equivale a 3,7% do total transformado pelo setor em Santa Catarina. Os dados fazem parte de estudo elaborado pela empresa de consultoria MaxiQuim, de Porto Alegre, para o Sindicato da Indústria de Material Plástico no Estado de Santa Catarina (Simpesc). Contudo, esse crescimento reflete mais o reaproveitamento de resíduos gerados em processos industriais do que a reciclagem de lixo doméstico, como embalagens e garrafas, o chamado plástico “pós-consumo”. Este segmento cresce de maneira menos acelerada, devido a problemas como a necessidade de escala de produção, falta de linhas de financiamento e ausência de legislação que estimule a atividade.
“Embora a reciclagem do material pós-consumo, como sacos, embalagens e garrafas, esteja aumentando em Santa Catarina, a maior parte do crescimento verificado entre 1995 e 1999 refere-se a empresas que utilizam resíduos industriais como matéria-prima”, explica o diretor da MaxiQuim, João Luiz Zuñeda. Normalmente chamadas de aparas, esses resíduos incluem também as peças que não atingiram a qualidade necessária para ir ao mercado.
As oito empresas catarinenses de reciclagem de plástico têm 383 empregados, sem considerar o pessoal que trabalha na coleta de lixo, atividade que geralmente é informal. O valor da produção atingiu R$ 42,49 milhões em 1999, com crescimento médio de 152,6% ao ano nos últimos cinco anos, já descontando a inflação.
As empresas de transformação de plástico estão cada vez mais preocupadas em recuperar o material que antes era perdido, devido ao alto custo da resina virgem, diz Nelson Pradella, proprietário da empresa Recicle-Ville. “Isso é fundamental para que elas sejam competitivas, pois vendendo os resíduos do processo industrial como sucata, as empresas obtêm menos de 20% do valor da resina virgem”. Cobrando 30% do preço da resina virgem, a Recicle-Ville devolve para a indústria seus resíduos em condições de serem utilizados normalmente no processo produtivo”, explica.
A empresa de Joinville foi uma das firmas que ajudou a elevar os índices desta indústria no estado. Até agora ela estava trabalhando apenas com matéria-prima gerada nos processos industriais, mas isso deve mudar a partir desta semana.
Criada há um ano, a empresa reprocessa cerca de 220 toneladas de plástico por mês e está aumentando a sua capacidade para 310 toneladas. Ela ainda opera, basicamente, como terceirizada de empresas de processamento de plásticos, reprocessando para elas os resíduos que geram e devolvendo essa matéria em forma granular, mesmo estado da resina virgem. Como a matéria prima reciclada será utilizada para fazer o mesmo produto que originou a apara, a qualidade final não é afetada.
Mas, a Recicle-Ville está ingressando também no segmento de reciclagem do plástico pós-consumo. A partir desta semana, a empresa coloca em funcionamento um sistema de coleta junto a escolas do município para recolher materiais plásticos como sacos, garrafas e tampinhas, apostando principalmente no PET. Com isso, ela tem a vantagem de receber material mais limpo.
A contaminação do plástico pelo lixo orgânico é justamente um dos principais problemas para o crescimento da indústria da reciclagem do lixo doméstico. A simples separação do lixo orgânico do seco já traria um impulso importante para o setor, diz Ana Flores, diretora do departamento de meio ambiente e desenvolvimento sustentado da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), e autora do livro “O dinheiro está no lixo – recicle essa idéia”. “Deveriam ser criados mecanismos de estímulo para a reciclagem. Na Holanda, por exemplo, uma Coca-Cola custa US$ 2,20. Devolvendo a garrafa acontece o reembolso de US$ 1. Você acha que alguém vai jogá-la no lixo?”, diz.
A indústria da reciclagem do plástico no Brasil tem crescido bastante em função do reaproveitamento do PET, que é usado no segmento de monofilamentos, em artigos como vassouras e na indústria têxtil. Conforme Ana Flores, a reciclagem gera 250 mil empregos no País, dos quais 70% são informais. Porém, a maior parte do potencial de mercado ainda está sendo desperdiçado, avalia. “Cerca de 15% do total de plástico que é industrializado no País é reciclado. Em dez anos poderíamos chegar a 60%, como nos Estados Unidos, desde que fosse implementado um conjunto de medidas incentivando essa prática”, assegura.
Para a diretora da Fiesc, os principais entraves são o aspecto cultural, a tributação incidente na reciclagem do plástico, a falta de linhas de financiamento e a ausência de uma legislação ambiental mais rigorosa. “Há um contra-senso ecológico que força a clandestinidade no Brasil, onde para fabricar garrafa PET virgem paga-se IPI de 10% e para a reciclagem 12%”, critica. Ana afirma que essa tributação decorre do interesse governamental em incentivar a indústria química.
Outro problema apontado é que, ao contrário da indústria do alumínio, que é concentrada, o predomínio das pequenas empresas na transformação do plástico dificulta que sejam criadas grandes empresas para reprocessar o lixo. Para Flores, o sucesso brasileiro na reciclagem do alumínio, (o índice é de 65%, um dos mais altos do mundo) decorre da existência de poucas grandes empresas capitalizadas. “As pequenas empresas não têm acesso às linhas de crédito, e isso dificulta a abertura de novas recicladoras”, diz Flores.
Mas, há quem aponte outros desafios a superar. “Embora seja um mercado que deve crescer muito, a reciclagem de plástico não é tão simples como normalmente aparece na televisão. O volume mínimo para que a atividade seja economicamente viável, atendendo a todas as exigências legais, é de 100 toneladas mês”, diz Ronaldo Cerri, sócio da Moinhos Rone, de São Paulo, que fabrica equipamentos utilizados na moagem do plástico, uma das primeiras etapas da reciclagem. Além disso, explica, a coleta do plástico é mais complicada porque, ao contrário das latas de alumínio - que podem ser amassadas, o volume físico é maior. “Hoje entre 70% e 80% dos moinhos que vendemos são para reciclagem de resíduos industriais”, informa. (Elmar Meurer, de Joinville)


© GAZETA MERCANTIL

Pesquisa: FPN-SP-Brasil

Projeto obriga fabricantes a recomprar embalagens

O Projeto de Lei 3341/08, do deputado Henrique Fontana (PT-RS), obriga as indústrias a recomprar as embalagens que forem devolvidas pelos consumidores no momento em que eles comprarem produto de natureza semelhante. O projeto fixa preços mínimos de R$ 0,10 por unidade para embalagens fabricadas com PET, PVC, alumínio, aço e vidro. Para as embalagens fabricadas com PET ou PVC com mais de um litro e meio, o preço mínimo fixado é R$ 0,20.

O projeto também obriga os fabricantes e fornecedores a criar e manter um sistema de retorno pós-consumo de pilhas e baterias; pneus; lâmpadas fluorescentes, de vapor de sódio e mercúrio e de luz mista; produtos cuja embalagem, após o uso, constitua resíduo perigoso; e produtos comercializados em embalagens plásticas, metálicas ou de vidro. Os consumidores devem efetuar a devolução, após o uso, aos comerciantes ou distribuidores.

Conforme a proposta, são responsáveis pela destinação ambientalmente adequada das embalagens utilizadas para comercialização de seus produtos os fornecedores de bebidas de qualquer natureza, alimentos, óleos combustíveis, lubrificantes e similares, cosméticos e produtos de higiene e limpeza.

Não sendo o caso de produtos ou embalagens com sistema de retorno pós-consumo (citados acima), os fabricantes ficam obrigados a destinar recursos para o sistema municipal de limpeza pública, na forma de regulamento elaborado com base em acordos setoriais entre o poder público e o setor produtivo.

A responsabilidade dos fornecedores responsabilidade abrange o desenvolvimento, a fabricação e a colocação no mercado de produtos que sejam reutilizáveis, tecnicamente duradouros e aptos, após o uso, a reciclagem ou disposição final ambientalmente adequada; e o recolhimento dos produtos e dos resíduos remanescentes após o uso, assim como sua subseqüente destinação ambientalmente adequada.

Conforme o projeto, as infrações serão punidas com base no artigo 72 da Lei de Crimes Ambientais (9.605/98), que vão desde advertência a multa e destruição de mercadorias, entre outras.

Fontana diz que se preocupa, em especial, com o problema das embalagens plásticas, que são responsáveis por 17% da massa do resíduo sólido urbano brasileiro, que corresponde a 280 mil toneladas/dia. "São as grandes vilãs do meio ambiente", afirmou.

Tramitação
O projeto, que tramita em regime de urgência, foi apensado ao PL 203/91, do Senado, que trata de acondicionamento, coleta, tratamento, transporte e destinação final dos resíduos de serviços de saúde. Os dois projetos estão prontos para entrar na pauta do plenário.

Íntegra da proposta:
- PL-3341/2008


Da Redação/WS

(Reprodução autorizada desde que contenha a assinatura 'Agência Câmara')

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Bam bam bam do setor de reciclagem

A questão ambiental vem causando impactos positivos em vários setores econômicos, gerando oportunidades de negócios e ocupações para milhões de empreendedores em todo o mundo. O Brasil é referência mundial quando o assunto é reciclagem de latas de alumínio, sendo detentor de uma rede de ampla capilaridade que recolhe estas embalagens e as revendem para as indústrias recicladoras, num negócio altamente lucrativo para todos os envolvidos. Os índices deste tipo de reciclagem no país alcançam 78% do que é produzido, segundo o Portal Ambiente Brasil, sendo superado neste aspecto somente pelo Japão. A reciclagem de papel, no entanto, é menor que a do alumínio, pois somente 30% do que é produzido é reciclado. Mesmo assim, estes são percentuais animadores, que revelam potencialidades econômicas enormes.

No processo de reciclagem do papel entram em cena aspectos relacionados ao desenvolvimento sustentável, como o emprego intensivo de mão-de-obra local, redução dos níveis de lixo urbano e economia dos recursos naturais como madeira, água e energia elétrica. Também há redução da poluição pois, segundo os especialistas, as indústrias de reciclagem funcionam sem impactos ambientais, já que o momento crítico da produção de papel acontece na fase anterior. As estatísticas mostram que, a cada 50 quilos de papel reciclado, poupa-se o corte de uma árvore de eucalipto de seis anos de idade e economiza-se 70% da energia gasta na produção que utiliza matéria-prima virgem. Os produtos da reciclagem abrangem uma infinidade de usos, desde caixas de papelão, sacolas, embalagens para ovos, bandejas para frutas, papel higiênico, cadernos e livros, material de escritório e envelopes até papel para impressão.

Em Manaus, um grupo composto por quatro estudantes de administração de empresas, Lílian Simões, Suely Vasconcelos, Tathyanne Dalla Vecchia, da Unilasalle, e Francisco Carvalho, da Ufam (Universidade Federal do Amazonas), realizou uma pesquisa intitulada ‘Diagnóstico da ACR (Associação de Catadores de Recicláveis)’, um grupo de 17 pessoas que atua no centro da cidade. O resultado da pesquisa foi exposto em artigo científico apresentado no início do mês durante o 4º Simpósio de Engenharia de Produção, realizado pela Ufam. Por intermédio de entrevistas e levantamento de dados do processo produtivo, os pesquisadores analisaram o modelo de gestão da ACR, além de identificar algumas características relevantes dos seus associados como idade, nível de escolaridade, gênero e renda, traçando também o perfil de produção da associação.

Os resultados da pesquisa devem ser vistos em perspectiva, levando-se em consideração o contexto social dos envolvidos. Segundo o estudo, 62% dos catadores de recicláveis da ACR têm renda menor que um salário mínimo; 92% apresentaram baixo nível escolar, sendo que 76% são do gênero masculino e 24% do feminino. A faixa etária da maioria do grupo (56%) é de 31 a 55 anos, sendo que 54% dos catadores moram na zona leste. Quanto à capacidade de produção, os catadores recolhem no centro de Manaus 20 toneladas mensais de papel e papelão usado.

Durante a pesquisa, constatou-se que os associados, embora não possuam formação acadêmica, utilizam-se dos quatro pilares que norteiam os princípios básicos da administração de empresas: planejamento, organização, controle e comando. No entanto, segundo os pesquisadores, a aplicação empírica desses princípios não resolve plenamente os problemas de uma gestão corporativa. Contudo, a pesquisa demonstrou a relevância do papel desempenhado por uma organização comprometida com a prestação de serviços à sociedade e que valoriza a preservação ambiental.

A ACR, apesar das dificuldades que enfrenta, é uma experiência de economia solidária que busca aumentar sua consciência empreendedora e está adquirindo seu reconhecimento social. Atualmente, garante aos seus associados renda e desenvolvimento social, tendo como metas a elevação da qualidade de vida de seus sócios, proporcionando-lhes, na medida do possível, educação, saúde e lazer. A análise deste segmento social excluído do mercado formal de trabalho, segundo os pesquisadores, evidencia a busca de dignidade e subsistência a partir de um modelo de economia solidária, ficando a convicção de que este é um dos caminhos acertados de resgate da dignidade humana.

Programa Empretec

O Sebrae Amazonas iniciou na segunda-feira, 19, a 66ª turma do Empretec, programa de desenvolvimento de empreendedores idealizado pela ONU (Organização das Nações Unidas) e implantado em 22 países. No Brasil, o Empretec é disponibilizado pelo Sistema Sebrae desde 1996, tendo formado desde então mais de 70 mil “empretecos”, como são chamados os egressos do programa. A turma, de 21 participantes, terá atividades durante nove dias consecutivos, entre elas as que simulam a abertura e gerenciamento de uma empresa. Os facilitadores (instrutores) do programa são o psicólogo Sálvio Rizzato e o contador Rui Salles. A diretora-técnica do Sebrae Amazonas, Maria José Alves da Silva, que também é a coordenadora estadual do programa, salienta que um dos aspectos centrais do Empretec é o movimento de transformação a que cada participante é exposto durante as atividades que fazem parte da metodologia. As atividades da próxima turma do Empretec serão realizadas no período de 16 a 24 de abril, na sede do Sebrae Amazonas, localizada na rua Leonardo Malcher, 924, Centro. O valor do investimento é de R$ 420, sendo que as inscrições poderão ser feitas até o dia 12 de abril. Informações pelo 2121-4948.

Denison Silvan é assessor de Comunicação e Marketing do Sebrae Amazonas, jornalista e mestrando em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas.

Matéria prima doada pelo consumidor final é riqueza nas mãos de quem ignora os proprietários da riqueza doada.

O Brasil assumiu a liderança em reciclagem de alumínio entre os países onde a atividade não é obrigatória por lei. Dados da Abal - Associação Brasileira do Alumínio mostram que em 2002 87% de todas as latas do material consumidas foram recicladas.

A coleta de latas de alumínio movimenta cerca de R$ 850 milhões por ano e envolve, da coleta à transformação, cerca de 2 mil empresas.

O balanço de 2003 será divulgado no início de março pela Abal. Mas, segundo estimativa da entidade, foi registrado crescimento no ano passado.
Segundo a Abal, o índice de 87% corresponde a um volume de 12,1 mil toneladas de latas de alumínio ou, aproximadamente, 9 bilhões de unidades. Em relação a 2001, foi registrado crescimento de 2,6% sobre o volume coletado (118 mil toneladas).
A reciclagem de alumínio no País vem registrando crescimento desde 1998. Naquele ano, o Brasil ultrapassou, pela primeira vez, o índice dos Estados Unidos (63% contra 55%). De acordo com a Abal, o índice brasileiro vem apresentando crescimento médio de 10% ao ano.
Fonte: Agência Estado

Nota:
Titulo modificado pelo autor