Bam bam bam do setor de reciclagem

A questão ambiental vem causando impactos positivos em vários setores econômicos, gerando oportunidades de negócios e ocupações para milhões de empreendedores em todo o mundo. O Brasil é referência mundial quando o assunto é reciclagem de latas de alumínio, sendo detentor de uma rede de ampla capilaridade que recolhe estas embalagens e as revendem para as indústrias recicladoras, num negócio altamente lucrativo para todos os envolvidos. Os índices deste tipo de reciclagem no país alcançam 78% do que é produzido, segundo o Portal Ambiente Brasil, sendo superado neste aspecto somente pelo Japão. A reciclagem de papel, no entanto, é menor que a do alumínio, pois somente 30% do que é produzido é reciclado. Mesmo assim, estes são percentuais animadores, que revelam potencialidades econômicas enormes.

No processo de reciclagem do papel entram em cena aspectos relacionados ao desenvolvimento sustentável, como o emprego intensivo de mão-de-obra local, redução dos níveis de lixo urbano e economia dos recursos naturais como madeira, água e energia elétrica. Também há redução da poluição pois, segundo os especialistas, as indústrias de reciclagem funcionam sem impactos ambientais, já que o momento crítico da produção de papel acontece na fase anterior. As estatísticas mostram que, a cada 50 quilos de papel reciclado, poupa-se o corte de uma árvore de eucalipto de seis anos de idade e economiza-se 70% da energia gasta na produção que utiliza matéria-prima virgem. Os produtos da reciclagem abrangem uma infinidade de usos, desde caixas de papelão, sacolas, embalagens para ovos, bandejas para frutas, papel higiênico, cadernos e livros, material de escritório e envelopes até papel para impressão.

Em Manaus, um grupo composto por quatro estudantes de administração de empresas, Lílian Simões, Suely Vasconcelos, Tathyanne Dalla Vecchia, da Unilasalle, e Francisco Carvalho, da Ufam (Universidade Federal do Amazonas), realizou uma pesquisa intitulada ‘Diagnóstico da ACR (Associação de Catadores de Recicláveis)’, um grupo de 17 pessoas que atua no centro da cidade. O resultado da pesquisa foi exposto em artigo científico apresentado no início do mês durante o 4º Simpósio de Engenharia de Produção, realizado pela Ufam. Por intermédio de entrevistas e levantamento de dados do processo produtivo, os pesquisadores analisaram o modelo de gestão da ACR, além de identificar algumas características relevantes dos seus associados como idade, nível de escolaridade, gênero e renda, traçando também o perfil de produção da associação.

Os resultados da pesquisa devem ser vistos em perspectiva, levando-se em consideração o contexto social dos envolvidos. Segundo o estudo, 62% dos catadores de recicláveis da ACR têm renda menor que um salário mínimo; 92% apresentaram baixo nível escolar, sendo que 76% são do gênero masculino e 24% do feminino. A faixa etária da maioria do grupo (56%) é de 31 a 55 anos, sendo que 54% dos catadores moram na zona leste. Quanto à capacidade de produção, os catadores recolhem no centro de Manaus 20 toneladas mensais de papel e papelão usado.

Durante a pesquisa, constatou-se que os associados, embora não possuam formação acadêmica, utilizam-se dos quatro pilares que norteiam os princípios básicos da administração de empresas: planejamento, organização, controle e comando. No entanto, segundo os pesquisadores, a aplicação empírica desses princípios não resolve plenamente os problemas de uma gestão corporativa. Contudo, a pesquisa demonstrou a relevância do papel desempenhado por uma organização comprometida com a prestação de serviços à sociedade e que valoriza a preservação ambiental.

A ACR, apesar das dificuldades que enfrenta, é uma experiência de economia solidária que busca aumentar sua consciência empreendedora e está adquirindo seu reconhecimento social. Atualmente, garante aos seus associados renda e desenvolvimento social, tendo como metas a elevação da qualidade de vida de seus sócios, proporcionando-lhes, na medida do possível, educação, saúde e lazer. A análise deste segmento social excluído do mercado formal de trabalho, segundo os pesquisadores, evidencia a busca de dignidade e subsistência a partir de um modelo de economia solidária, ficando a convicção de que este é um dos caminhos acertados de resgate da dignidade humana.

Programa Empretec

O Sebrae Amazonas iniciou na segunda-feira, 19, a 66ª turma do Empretec, programa de desenvolvimento de empreendedores idealizado pela ONU (Organização das Nações Unidas) e implantado em 22 países. No Brasil, o Empretec é disponibilizado pelo Sistema Sebrae desde 1996, tendo formado desde então mais de 70 mil “empretecos”, como são chamados os egressos do programa. A turma, de 21 participantes, terá atividades durante nove dias consecutivos, entre elas as que simulam a abertura e gerenciamento de uma empresa. Os facilitadores (instrutores) do programa são o psicólogo Sálvio Rizzato e o contador Rui Salles. A diretora-técnica do Sebrae Amazonas, Maria José Alves da Silva, que também é a coordenadora estadual do programa, salienta que um dos aspectos centrais do Empretec é o movimento de transformação a que cada participante é exposto durante as atividades que fazem parte da metodologia. As atividades da próxima turma do Empretec serão realizadas no período de 16 a 24 de abril, na sede do Sebrae Amazonas, localizada na rua Leonardo Malcher, 924, Centro. O valor do investimento é de R$ 420, sendo que as inscrições poderão ser feitas até o dia 12 de abril. Informações pelo 2121-4948.

Denison Silvan é assessor de Comunicação e Marketing do Sebrae Amazonas, jornalista e mestrando em Sociedade e Cultura na Amazônia pela Universidade Federal do Amazonas.